Pesquisar este blog

terça-feira, 25 de outubro de 2011

do que me pede



nada tenho que posso de bom grado ofertar-te
te cortas saber que nada tenho além
das lágrimas nos olhos e as mãos alheias
que me afagam dia e noite sem cessar
e que há prazer, é pena dizer-te, que há prazer
nas mãos cálidas e ingênuas que me tocam nuas
de sentido e fartas de sentimentos reais?

fardo é esse amor longínquo que mal me acolhe
que seca aos prantos e faz sangrar afoito
quem és tu, anjo da noite que vibra em meus ais
que te entrega soturno e vadio
notívago, quase sereno e cortante
como as velhas putas do cais?

não sou nada além dos templos que proclamais
infame, infame, infame, mil vezes infame
esse querer que me corrói por dentro 
e rasga minha carne com a mordida de outrem
que me dês tudo que te convéns
mas não barganhes a honra que já não tenho
quem és tu cavaleiro andarilho
coberto com armas que desconheço
que tens minha alma itinerante 

nessa noite que mal contemplo?

Nenhum comentário: